Versão resumida
Por Cloves Alves de Souza*
Uma das maiores preocupações que assolam o planeta concentra-se na destinação do lixo, principalmente nos grandes centros urbanos, por uma questão de preservação ambiental e qualidade de vida. Os movimentos migratórios verificados em quase todo o mundo a partir de meados do século passado, consubstanciados pelo abandono da vida no campo pela procura de novas oportunidades nos centros urbanos geradores de emprego, provocaram o crescimento populacional das cidades que, na maioria dos casos, não se estruturaram adequadamente no que concerne à coleta e destinação dos resíduos sólidos.
Em décadas passadas, não houve a preocupação de um planejamento de política pública para o controle e ocupação das grandes metrópoles brasileiras. Negligenciou-se a capacidade técnica para administrar de forma racional a destinação dos resíduos tóxicos de origem industrial e doméstica, fato alarmante com conseqüências desastrosas para a saúde pública e a degradação ambiental.
Com a diminuição de aterros sanitários e lixões, as cidades ficarão menos vulneráveis e catástrofes serão reduzidas. Mas o principal agravante é o desconhecimento total quanto à extensão dessa ameaça ambiental subterrânea. Em nosso país, recentemente, presenciamos situações como a tragédia do deslizamento do Morro do Bumba, no município de Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Em Santo André, na região metropolitana de São Paulo, a Favela do Espírito Santo está instalada sobre o antigo lixão da cidade. Desativado em 1987, cerca de cinco mil pessoas ainda vivem na área. Na Vila Nova Cachoeirinha, zona norte de São Paulo, uma escola municipal, com mais de 280 alunos de quatro a seis anos, foi construída sobre um lixão desativado.
Ações tímidas começaram a ser aplicadas a partir do século 21 no estado de São Paulo. Em 2002, a Cetesb – Companhia Estadual de Saneamento Ambiental – publicou a primeira relação de áreas contaminadas, com 255 locais. Depois de seis anos, a lista já alcançava mais de 2500 pontos de contaminação. Somente na capital encontram-se em torno de 800 dessas áreas. A grande maioria são postos de combustíveis com vazamentos. Mais de 30 depósitos de lixo relacionados e mais de 13 mil áreas potenciais de contaminação, cujo risco ainda necessita investigação e avaliação.
Voltando à questão crucial, tais resíduos, conhecidos como lixos urbanos, são resultantes da atividade doméstica, comercial e industrial. Sua composição varia conforme a população, dependendo da situação sócio-econômica e das condições e hábitos de vida dela. Esses resíduos são basicamente classificados como matéria orgânica (restos de alimentos); papel e papelão (jornais, revistas, caixas, embalagens); plásticos (garrafas, frascos, embalagens); vidro (garrafa, frascos, copos); metais (latas de cerveja e latas de alimentos), madeiras (normalmente pedaços de móveis) e outros, tais como roupas, óleos de cozinha e de motor.
Mas existem outros tipos de resíduos diferentes dos comumente encontrados e também tóxicos. Esses necessitam de um destino especial para que não contaminem o meio ambiente e conseqüentemente os seres que nele habitam. Exemplos: frascos de aerosol, pilhas, baterias das mais variadas espécies, lâmpadas fluorescentes e restos de medicamentos. Ainda os altamente tóxicos que igualmente necessitam de destinação específica como os dejetos industriais, lixo hospitalar e derivados de borracha, formados basicamente por pneus. Os governantes devem ter atitudes para vencer desafios, aplicarem tecnologias inovadoras combinadas ao desenvolvimento sustentável. Assim haverá melhor qualidade de vida aos habitantes das grandes metrópoles e a redução significativa de gastos com saúde pública, garantias conquistadas às gerações futuras.
Fonte: Envolverde/O autor © Copyleft – É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.
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