Autor: Redação 360 Graus
Data: 17/2/2009A descoberta foi do capitão Charles Moore. Ele viajava pelo Pacífico quando, entre o Havaí e a Califórnia, resolveu arriscar um novo caminho. Como um descobridor nos tempos das navegações, foi o primeiro a detectar a massa de lixo. Foram dias após dias viajando por aquela área. Lixão do Pacífico, assim foi batizado o lugar onde podemos observar o acúmulo da destruição humana.
Levadas pela corrente marítima, toneladas e toneladas de sujeira, produzidas pelo homem, se acumulam num lugar que já foi um paraíso. Um oceano de plástico, uma sopa intragável, de tamanho incerto e aproximadamente 1,6 mil quilômetros da costa entre a Califórnia e o Havaí e que, segundo estimativas, seria maior do que a soma de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás.
É o Pacífico, o maior dos oceanos, agredido pela humanidade onde a humanidade raramente chega. Há plástico e plâncton, lixo e alimento, tudo misturado. Poluindo o paraíso, confundindo as aves, criando anomalias - como a tartaruga que cresceu com um anel de plástico em volta do casco - e matando os moradores do mar.
Primeiro Moore viu pedaços grandes de plástico, muitos deles transformados em casa para os mariscos. Depois, quando aprofundou a pesquisa, o capitão descobriu que as águas-vivas estavam se enrolando em nylon e engolindo pedaços de plástico. O albatroz tinha um emaranhado de fios dentro do corpo.
Com a peneira na popa, o capitão e sua equipe filtram a sopa de plástico e fazem medições. Já descobriram, por exemplo, que 27% do lixo vem de sacolas de supermercado. Em uma análise feita com 670 peixes, encontraram quase 1,4 mil fragmentos de plástico. São informações valiosas, fonte de pesquisa e argumentos para a grande denúncia de Charles Moore.
Um gesto despreocupado, uma simples garrafa de plástico esquecida em uma praia da Califórnia. Muitas vezes ela é devolvida pelas ondas e recolhida pelos garis. Mas grande parte do material plástico que é produzido nessa região acaba embarcando em uma longa e triste viagem pelo Oceano Pacifico.
Pode ser também depois de uma tempestade. O plástico jogado nas ruas é varrido pela chuva, entra nas galerias fluviais das cidades e chega até o mar; ou vem de rios poluídos que desembocam no oceano. No caminho, os dejetos do continente se juntam ao lixo das embarcações e viajam até uma região conhecida como o Giro do Pacífico Norte.
Diversas correntes marítimas que passam às margens da Ásia e da América do Norte acabam formando um enorme redemoinho feito de água, vida marinha e plástico. Mas, outra vez uma tempestade, um vento forte, talvez, e parte do lixo viaja para fora da sopa, até uma praia distante. Em Kamilo Beach, uma praia linda e deserta de uma região quase desabitada do Havaí, há tantos dejetos marítimos que o lugar acabou virando um lixão a céu aberto. Basta procurar um pouquinho para descobrir a origem de tudo o que chega até a praia.
Em um pedaço de plástico, caracteres chineses. Uma bóia de pescadores, que provavelmente veio do Japão. Um pouco mais adiante, o pedaço de um tanque de plástico com ideogramas coreanos. O pior é que Kamilo Beach está mais de 1,5 mil quilômetros distante do Lixão do Pacífico, no extremo sudoeste da ilha de Hilo, no Havaí. A praia dificilmente vê um gari. E o plástico que chega lentamente pelo mar vai ficando esquecido no paraíso.
Veja a que ponto a humanidade chegou. Consequiu alcançar, de uma forma triste e devastadora, um lugar onde poucos passaram e agora, poucos passarão. Um espaço enorme de natureza está ganhando um triste fim. E a humanidade mais uma vez de mãos atadas com a tragédia. Que vergonha para humanidade ter seu maior bem (terra) sendo degradada de tal maneira a ameaçar toda a vida existente no mundo. Faça a sua parte, não deixe que o nosso planeta termine assim!
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